Momento Psicóloga

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O brinquedo ideal

7 dezembro, 2013, Paula Saretta Momento Psicóloga 4


O brinquedo ideal

POR Paula Saretta*

Sabemos que cada fase do desenvolvimento infantil tem suas particularidades e especificidades.

O modo mais curioso de perceber como as crianças vão mudando de fases é observando seus interesses e gostos. Aquele desenho animado que eles adoravam… Agora já acham sem graça! Aquele brinquedo tão sonhado e esperado… “É de criancinha”, eles dizem de repente…

Mas já? Muitos espantam-se!

E assim é… Os interesses por brinquedos, desenhos, roupas, amigos da escola, festas, etc.. vão evidenciando que eles estão crescendo.

Longe de ditar regras do que fazer, acho sim que é sempre bom compreender um pouco de cada momento do desenvolvimento infantil para, principalmente, respeitar os interesses das crianças e, com isso, não confundir desinteresse com falta de educação.

Vocês devem saber do que estou falando. Muitas vezes a simples manifestação de desinteresse de uma criança por alguma coisa, pode ser entendida como desrespeito e o comportamento ser lido como “criança mimada”, “aquela que não sabe dar valor às coisas que tem”, “mal agradecida”, etc..

Seu filho de um ano, por exemplo, talvez não vá nem ligar se ganhar uma bateria musical de verdade de Natal, mas provavelmente vai se divertir se você entregar aquela coleção de revistas velhas inteirinha, para ele rasgar em pedacinhos, uma a uma…

Isso porque o prazer funcional que o jogo sensório-motor proporciona está com tudo nesta fase!

Traduzindo: tudo que ele puder observar, explorar, sentir, ouvir, cheirar, tocar, rasgar, movimentar… Ver como funciona e perceber os efeitos que sua ação pode produzir, certamente, vai seduzi-lo e proporcionará um grande prazer em suas incríveis descobertas.

Já as crianças um pouco maiores, com 3-4 anos, poderão divertir-se muito com os fantoches de bichinhos e o cenário de floresta que vocês mesmos podem armar em casa, com papéis coloridos e muita boa vontade.

O prazer da imaginação, da criatividade, da vivência de diferentes papéis, da dramatização, de sentir-se e apropriar-se do mundo que vive… Tudo isso ele aprende e desenvolve brincando assim: de faz-de-conta.

Crescendo um pouco mais, eles começam a ter um grande prazer com as infinitas possibilidades de montar castelos, cidades, aviões, carros e tudo que conseguirem com os jogos de montar. Brinquedos excelentes para crianças de 4-5 anos, por exemplo.

Logo depois, quando estão iniciando o Ensino Fundamental, os jogos de regras  geralmente são objetos de grande interesse.

Os jogos de regras são aqueles de tabuleiros, por exemplo, muito indicados para crianças a partir dos 6-7 anos. Isso porque, nesta fase, geralmente*, elas já compreendem as regras e podem aprimorar os mais diferentes aspectos do desenvolvimento, no que se refere à questão sócio-moral, cognitiva e afetiva-emocional. Pensando na aprendizagem de regras, de limite, de colocar-se no lugar do outro, em lidar com seus sentimentos (derrota e na vitória), possíveis frustrações, etc..

Se tivéssemos que resumir em algumas palavras o que poderia ser considerado um bom brinquedo, então, poderíamos dizer: aquele que atende às necessidades das crianças!

Quais necessidades? De novos desafios, percepções, sentimentos, que promova experiências significativas, que estimulem a criatividade e que seja “adequado” a cada momento do seu desenvolvimento.

Diferente do adulto, a brincadeira tem um sentido REAL para a criança. Portanto, ouçam com os ouvidos e, principalmente, com o coração as verdadeiras necessidades do seu filho antes de escolherem o que lhes presentar. Não há, portanto, um brinquedo ideal! Há uma família atenta e sensível às oportunidades de desenvolvimento que o brincar possibilita.

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Nota: todos os dados são genéricos e, logicamente, bastante relativos – são apenas tentativas de aproximações das faixas etárias, mas que respeitam uma certa evolução do brincar, compatíveis às diferentes etapas do desenvolvimento infantil.

* Paula Saretta é psicóloga. Doutora em Educação pela Unicamp. Mestre em Psicologia Escolar pela PUC-Campinas. Aperfeiçoada em Queixa Escolar pela USP. Formadora de professores e Consultora em Psicologia e Educação. Fundadora do site/blog Ouvindo Crianças.

  • Áurea Maria

    Já estou sentindo a necessidade de uma nova página, Paula: ouvindoadolescentes.com.br, rsrs…
    Excelente texto! Com gostinho de quero mais…

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Aurinha, que bom que gostou!!! Quem sabe no futuro não aparecem os adolescentes…rsrs bjs