Momento Psicóloga

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O mundo descolorido das crianças

29 maio, 2013, Paula Saretta Momento Psicóloga 31


O mundo descolorido das crianças

POR Paula Saretta*

Talvez os pais não tenham se dado conta, mas a antecipação do início do ensino fundamental e a diminuição de um ano na educação infantil foi uma mudança radical no que se refere ao atendimento de crianças nas escolas brasileiras.

Para quem não se lembra exatamente onde tudo começou, vamos rememorar: a lei 11.274 de Fevereiro de 2006, ampliou a duração da escolaridade obrigatória de oito para nove anos no sistema educacional brasileiro. A inclusão das crianças de 6 anos de idade no ensino fundamental começou a ocorrer desde então e as escolas tiveram até o ano de 2010, para realizar as adequações necessárias.

Como a nossa intenção principal no blog é refletirmos juntos sobre as diferentes questões que cercam o universo infantil, vamos começar falando das questões políticas que parecem estar por trás desta mudança. Importantes de serem analisadas e importantes de serem questionadas…

O principal argumento do Ministério da Educação (MEC) que justificou tal ação, sugere que as crianças de 6 anos, principalmente as de baixa renda, agora, com a nova lei, têm sua educação assegurada. No entanto, desde 1988, a Constituição Federal, em seu art. 208, já afirmava que é dever do Estado e direito das crianças e das famílias a matrícula na educação formal desde o nascimento. Este, portanto, não parece um argumento convincente. A argumentação também passou pela questão das vagas, que seriam insuficientes na educação infantil, principalmente para as crianças de baixa renda. Mas, se o governo reconhece que não há vagas suficientes para estas crianças, por que a opção por ampliar o ensino fundamental, ao invés de auxiliar os municípios para aumentarem as vagas na própria educação infantil? Bom…

Vocês já ouviram falar do FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério), criado em 1998? Este fundo valoriza o ensino fundamental, estabelecendo um sistema de retribuição financeira pelo número de crianças matriculadas nesta etapa de ensino em cada rede pública. Olhando pelos benefícios do FUNDEF, vocês concordam com a ideia de que a criação do fundo acabou, então, incentivando a aceleração da municipalização do ensino fundamental e, inclusive, o aumento de alunos por sala?

Questões que inquietam, que nos fazem pensar…

Agora vamos olhar para as nossas crianças, aquelas mesmas, que hoje são obrigadas a começar a frequentar o ensino fundamental aos 6 anos, sabe? Na época da transição (em 2006-2007), trabalhava numa rede de ensino municipal que só tinha uma escola de ensino fundamental e 37 de educação infantil. Como fazer, então? Como transferir as crianças, assim, na pressa, com ações pouco planejadas, pouco refletidas? Vi cenas inesquecíveis, como, por exemplo, as crianças pequenas de joelhos em suas cadeiras para conseguir enxergar a lousa, porque nem os professores, nem as crianças, nem os pais, nem a escola tinham condições de assumir, daquele jeito, tamanha mudança.

Também coisas surpreendentes… Crianças orgulhosas com a mudança: “vamos pra 1a série já!” e de uma delas, eu ouvi: “não somos mais crianças, né?” Minha vontade era dizer para cada uma, milhões de vezes seguidas, “lógico que vocês continuam sendo crianças. Tudo vai ser igual, vocês estão no último ano da educação infantil ainda, só que mudou o nome…”

Mas, não era verdade! Não estava nada igual… Nem os professores, com seus discursos na ponta da língua de como eles cresceram e, por isso, precisavam se concentrar e prestar mais atenção… Nem a escola (para aqueles que mudaram), nem os volumes de livros para cada matéria que muitas escolas assumiram e muito menos o tempo de brincar e de se movimentar…

A verdade era simples e em algumas realidades continua sendo assim: na educação infantil o brincar, entendido como promotor do desenvolvimento global das crianças, aparecia em primeiro plano, já no ensino fundamental (inclusive no 1o ano) acontecia o oposto, o brincar vai sendo deixado de lado, cada vez mais, em detrimento de atividades que priorizam a leitura e a escrita nas crianças.

É fácil, assim, imaginar as inúmeras implicações desastrosas que perder, literalmente, um ano de um ensino pensado nas especificidades da infância pode ter como consequências. Uma delas é que estamos correndo o risco de começar mais cedo o temeroso “fracasso escolar”. Aliás, algumas pesquisas já apontam dados nesta direção[1].

Parece-nos, contudo, que o ensino de 9 anos acabou por evidenciar uma realidade que há muito tempo preocupa todos os envolvidos com a educação básica: o hiato existente entre a educação infantil e o ensino fundamental.

Preocupações antigas, que hoje fazem parte de um novo cenário… Cenário que inquieta, que preocupa… De uma das crianças de 6 anos, eu ouvi algo que me marcou muito e que entendo como extremamente simbólico para o que estamos falando aqui: “na 1a série não precisa levar lápis de cor, só  lápis preto e borracha…” Fiquei muito mexida com a declaração daquela garotinha… Que pena que ela pensa assim, pensei.

Diante de tudo isso, o que podemos fazer? Muitas coisas! Mas talvez o emergencial, agora, seja trabalhar, trabalhar, trabalhar…. Para que ela e as outras crianças saibam, mesmo na vida adulta, que a melhor forma de pintar o mundo é com lápis de cor bem colorido, numa mistura que pode ser bela e surpreende.


[1] Ver, por exemplo, Arelato, L.R.G., Jacomini, M.A. e Klein, S.B.. O ensino fundamental de nove anos e o direito à educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.37, n.1, 220p. 35-51, jan./abr. 2011.

* Paula Saretta é psicóloga. Doutora em Educação pela Unicamp. Mestre em Psicologia Escolar pela PUC-Campinas. Aperfeiçoada em Queixa Escolar pela USP. Formadora de professores e Consultora em Psicologia e Educação. Fundadora do site/blog Ouvindo Crianças.

  • Renata Gio.

    Excelente! Como pedagoga, fiquei extremamente chateada, na época,,com essa mudança. Juro que tentei refletir sobre os benefícios de tal mudança, porém só consegui enxergar prejuízos. Os resultados são visíveis hoje…infelizmente!

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Obrigada Renata! Preocupa ainda e muito, não é? Vamos voltar ao tema mais vezes, continue por perto! bjs

      • Carol Costa

        Não sou pedagoga, mas mãe de um menino de cinco anos que está na Educação Infantil e ano que vem já passará para o Ensino Fundamental… Como podemos “suavizar” essa questão em casa… Sou adepta do movimento “faça você mesma a diferença”, e não depender do Governo. Você podia postar sugestões para os pais. Abraços e parabéns pelo texto!

        • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

          Carol, vou fazer o próximo texto sobre isso! Os pais podem auxiliar os filhos de diversas maneiras também. Vamos pensar juntas no próximo post. Assim que escrever, lhe envio por email também, tá?! bjs

          • Carol Costa

            Obrigada Paula!!! Aguardarei ansiosamente!!! Tenha um ótimo final de semana!!!

      • Renata Gio.

        Obrigada Paula, acompanho sempre o “Ouvindo Crianças”: extremamente inteligente e com temas relevantes. Parabéns! Bjos.

  • MARIA REGINA POTENZA

    Bem… sou professora de uma turma de 1o ano de Escola Municipal. Iniciei minha carreira como Prof da Ed. Infantil quando ainda se chamava Maternal, em 1968 e penso que a preocupação em relação à passagem do Ensino Infantil ao Fundamental se deva a prática pedagógica e ao ambiente alfabetizador que as diferencia no ensino brasileiro e isso é tradicional. Quando nos referimos à infância, acho que estamos falando de crianças até os 12 anos de idade cronológica aproximadamente, salvo algum comprometimento que acelere ou atrase o desenvolvimento, correto? Então, posso afirmar que a escola em geral não tem respeitado os direitos e deveres para com as crianças até o 8o ano da escolaridade e não só na passagem dos 5 para 6 anos. Desde o tamanho e formato das mesas de estudo até a decoração da “sala de aula” (local obsoleto na minha opinião), passando pelas atividades oportunizadas pelos docentes. “Dar aula” ainda é nossa principal função, mesmo que tenhamos consciência que não é assim que as crianças aprendem. Muitos acreditam (e agora é lei) que as crianças devem estar alfabetizadas até os 8 anos de idade, correspondente ao 3o ano de escolaridade. Então, uma verdadeira febre (ou moda) de alfabetização na idade certa está tomando conta do “Brasil alfabetizado”. Com isso, embora os prédios e equipamentos escolares não ofereçam condições a tal aprendizado, professores de todos os cantos estão se “ralando” para obtê-los. Recentemente ouvi uma professora dizer que “brincar por diversão e sem um objetivo pedagógico” é atividade não aceita em suas turmas. Respondi: “Sua escola deve ser muito chata!” Só pra dar um exemplo, entre tantos outros, destinei uma verba do meu salário só pra comprar brinquedos para minha turma neste ano. A sala que recebi no início do ano só tinha mesas, cadeiras (aliás num tamanho adequado: intermediário, ainda bem) 2 armários, 1 prateleira, 1 quadro de escrever e 1 quadro mural e Livros didáticos. Ah! ia esquecendo da “mesa da professora”! (A minha virou prateleira de papel). Fiz uma lista enorme de materiais que solicitei à escola e aos pais. Aos poucos, (estamos terminando o primeiro semestre) estou recebendo ajuda, mas se não tivesse comprado… Cantinhos como os de Leitura, Jogos, Mercadinho, Pintura, Música, Brinquedos etc, funcionam na minha turma tal como aprendi ao fazer a Especialização em Pré-Primário em 1967. As atividades de alfabetização linguística e matemática são impressas na minha impressora pessoal com o objetivo específico de motivar a aprendizagem que os estudantes apontam como interesse. Roda de conversa diária faz parte da nossa rotina. Brincar para se divertir e aprender para se divertir faz parte do nosso contrato cujo objetivo é: “Eu quero aprender na escola…” registrado em folha de sulfite com a foto da criança e sua proposta de desenvolvimento. Os familiares, (hoje não uso mais a palavra pais somente) é lógico, participaram dessas decisões. Alguns, mais interessados até mandaram os materiais solicitados na enorme lista, entre elas: sucata limpa para confecção de brinquedos e mercadinho, jogos dos quais as crianças tinham se cansado em casa para partilhar, livros de histórias infantis para partilhar, revistas velhas adequadas à idade, plantinhas em vasos, enfim… uma riqueza e variedade de materiais que precisam estar à disposição das crianças no prédio escolar. Ao longo de minha carreira, não tenho visto muita gente respeitando as crianças desse jeito. E posso afirmar que um número grande de estudantes que frequentaram minhas turmas, foram “alfabetizados na idade certa” e outros poucos não. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a gente se divertiu muito juntos e até hoje (aliás tenho na minha turma atual a filha de uma delas) quando nos encontramos trocamos abraços saudosos do tempo que passamos juntos na escola.

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Maria Regina, muito obrigada pelo esclarecedor depoimento! Gostaria de lhe pedir a permissão de compartilhá-lo também pelo facebook. Vamos nos falar por email. beijos e continue se divertindo muito, pois são exatamente essas as memórias que eles terão de você!

  • REGINA PUNDEK

    A tal “data de CORTE” provoca indignações! A própria palavra CORTE já fala muito. Estamos permitindo que se CORTE o que? O que está sendo extirpado?
    Pobres crianças sem direito a infância… induzidas, encaminhadas e aprisionadas à GRADE curricular.
    Na escola de Educação Infantil em que trabalho, algumas famílias, têm optado por manter seus filhos mais um ano e levá-los para o Ensino Fundamental somente aos sete anos. Nós professoras, exultamos cada vez que isso acontece.
    Sonho com uma mudança radical, na qual as crianças não sejam presas aos velhos modelos escolares, na qual a política esteja realmente focada no bem estar do cidadão.

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Também Regina! Trabalhemos para isso! Muito obrigada pela sua contribuição e sábias palavras! bjs

  • Martinha

    Lembro-me da minha filha, quando saiu da educação infantil aos 6 anos e 9 meses ao ingressar na nova escola logo quis saber onde ficava o parque, lamentável, não havia parque !!!

  • Luisa

    Como eu sou de outro país (Portugal), vejo com naturalidade uma criança ir para o primeiro ano aos 6 anos, porque aqui sempre foi assim, desde que me conheço por gente! Os sucessos escolares são bons, não há manifestações do contrário. O mobiliário é apropriado para as idades, também se usam lápis de cor, há várias atividades, há interação com os pais, e os professores fazem de tudo para cativar os alunos!
    Como já morei no Brasil (dos 11 aos 14 anos), fico triste em saber que essa mudança esteja a ter tão maus resultados e tão má recepção por parte dos professores, que de certo também não são apoiados para receber uma faixa etária de crianças para as quais não estavam acostumados.
    Também se pode ensinar brincando!
    Só espero que tudo se encaminhe bem e que em breve venham bons resultados, pelo menos como acontece aqui!
    Um abraço!

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Olá Luísa, fiquei muito feliz em receber seu depoimento. Temos muito o que fazer por aqui ainda, mas acredito também que as mudanças estão por vir, principalmente se cada vez mais pessoas tiverem consciência do que realmente interessa e quais são as reais necessidades das crianças pequenas, não é?! Um prazer tê-la por perto. um grande abraço, Paula

  • Camila Rocchetti

    Meu filho disse: “Mamãe,mas la naquela escola não tem parquinho,jogos.” “Na hora do recreio,não tem nada pra gente fazer”.É chato!” Ele tem tido bastante dificuldade em ficar simplesmente sentado com lápis,caderno e borracha…Tem chorado em casa e na entrada da escola…Hoje estava levando ele e ele me disse: “Mamãe,bem que você podia ser professora né? Assim você me ensinava em casa,e eu não precisava ir à escola”! Fiquei com o coração partido. Gostaria que as escolas dessem mais atenção à essa transição,ta acontecendo de forma muito abrupta,muito mecânica, e uma criancinha de apenas 6 anos acredito que não está preparada para isso… 🙁

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Verdade Cá! Muito complicado mesmo! Tente você conversar com ele em casa, use a indicação daquele livrinho que mencionei em outro post sobre adaptação escolar, chamado “Quando Miguel entrou na escola”, sabe? Pode ajudar a pensar nessa transição, fiz um texto só sobre a passagem para o 1o ano também! Vou compartilhar pelo face com você! beijos

  • Flávia Rebouças

    Estou passando por isso com a minha filha de 5 anos. Ela completa 6 agora em junho e, devido a mudança das regras da educação, foi empurrada (sim, empurrada) do infantil 1 para o infantil 3 (antigo pré) em 2013. Agora frequenta a primeira série, convivendo com amiguinhos na transição dos 6 para os 7 anos. E um ano faz muita diferença, sobretudo no psicomotor. Ela está sempre correndo atrás do “prejuízo”. Fico muito triste, pois vejo uma criança inteligente, que sempre esteve a frente da antiga turma, agora “abaixo da média”. Mas infelizmente não me deram opção. Ao final do Infantil 3, caso eu quisesse segurar minha filha mais um ano, me informaram que eu tinha de recorrer na Secretaria de Ensino e abrir um processo. Absurdo! Estão roubando a infância de nossas crianças.

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Flávia, muito complicado! Concordo com você! Imagino como deva estar se sentindo… Muito obrigada por compartilhar sua história. Seu olhar atento e cuidadosa para a infância de sua filha já é, ao menos, um grande ganho para ela.

    • Joelma

      Devia ser proibido pular as séries afff…minha filha entrou direto no infantil 2 pois no ano que era pra estar no infantil 1 não tinha vaga. E do infantil 2 ela foi empurrada pro primeiro ano em outra escola, enquanto suas coleguinhas iam pro infantil 3. Agora voltou a repetição de ano, provavelmente irá repetir já que pulou 2 anos anteriormente. Como vai ficar agora??? Antes era pela idade da criança, por isso empurraram minha filha, com essa volta de repetir o ano, as que não foram bem no infantil continuarão sendo empurradas ou vai poder repetir no infantil também???

  • Daniela Perciano

    Moro na França ha 10 anos e aqui o maternal também sao 3 anos e o CP (curso preparatorio) o correspondente ao 1° ano no Brasil aos 6 anos também faz parte do primario. Como o ano letivo aqui começa em setembro e minha flha é de outubro, ao entrar no CP ela ainda estava com 5 anos e 11 meses. Ela ficou contentissima, afinal passaria para a “cour des grands”, o que é altamente valorizado por aqui e inculcado na cabeça das crianças; mas eu enquanto mae ( e psicologa) achei que ela deu um salto de desenvovimento tanto por aspectos que eu considero positivo e negativo. Positivo? riqueza de vocabulario, mais autonomia, etc Negativo? Comportamentos que nao vejo em adequaçao para crianças de suas idades, muitas vezes a vejo fazendo um copiar-colar de certos comportamentos/centros de interesses que para mim sao de crianças de 10 anos, mas que para ela deve ser uma forma até como de se sentir aceita por este novo grupo. Enquanto mae, tenho o sentimento de que ela aos 6 anos, hoje ja faz parte de um mundo de pré-adolescentes e sinto que houve sim uma perda de uma parte do mundo imaginario que ela tinha ( brincadeiras, ela amava se fantasiar, desenhos animados) muito mais em relaçao com a idade dela.

  • Regina

    Sou brasileira e moro na Espanha há 29 anos. As minhas filhas nasceram e se criaram aqui.
    Eu não vejo nenhum problema na entrada da criança aos 6 anos no ensino fundamental. Sabemos que as crianças são como esponjas e quanto mais nova, mais absorve. Quanto mais pequena, mais aprende.
    O Ministério de Educação “atualizou”, para estar à altura da Europa a idade para o ingresso no ensino fundamental. O que seguramente não foi acertada foi a forma de fazer a mudança, sem a planificação necessária.

  • Ana Paula Albuquerque

    Vejo pela diferença absurda q meu filho que é o mais velho da turma, por fazer aniversário em agosto, tem com relação aos mais novos. Ele acaba sempre se destacando, não por ser mais inteligente, mas por estar na idade certa.
    Acho q estamos exigindo cada dia mais de nossas crianças e se esquecendo que elas são crianças e precisam viver essa fase.
    Pro meu filho isso é bom, mas para as outras crianças acho q não.
    Já fui indagada algumas vezes por mães q lamentavam q seus filhos ainda não sabiam ler como o meu e eu é que tinha q lembra-la que o filho dela era praticamente um ano mais novo q o meu.
    Não acho q isso será bom para nossas crianças.

  • sharon

    Oi Paula! Achei mto interessante seu artigo… Para variar foi mais uma mudança do governo feita sem planejamento e sem pensar como isso afetaria as crianças. Aqui em sao paulo, na maioria das escolas particulares, o que foi feito para amenizar essa mudança foi somente alterar a nomenclatura do pré para 1o ano, na pratica esse ano continua fazendo parte do ensino infantil, ainda com atividades mais lúdicas e mais próprias à idade. O que me pegou de toda essa história foi essa “data de corte” fixada arbitrariamente para definir quais crianças eram aptas a entrar no fundamental um ano antes e quais não eram. Aqui em SP a rede privada usa 30 de junho como a data de corte. Primeiramente, acho estranho crianças com idades diferentes na mesma classe, pelo menos antes todos entravam no ínicio do ano na mesma série com 4 anos, por exemplo, e faziam 5 ao longo do ano. Atualmente algumas crianças entram com 3, fazem 4 e outras entram com 4 e fazem 5. No futuro, crianças do primeiro semestre se formarão com 17 anos, enquanto as do segundo semestre com 18, 1 ano depois. Para mim isso não faz sentido algum. A questão de não apressar as crianças é super válida, mas deveria valer para todas elas, de janeiro a dezembro. Eh completamente infundado afirmar que uma criança no primeiro semestre tem maturidade suficiente para ingressar no fundamental porquanto crianças do 2o semestre tem sua “capacidade” de certa forma questionada, pelo simples fato de serem alguns meses mais novas. Enfim, essa é minha opinião! Parabens pelo texto!

  • Beatriz Penna Logullo

    Na época da mudança não me interessei pelo assunto por não ser mãe.
    Hoje tenho um filho de 1 ano e 8 meses e passei a pesquisar, ler e me informar sobre educação e desenvolvimento das crianças.
    Sou contrária a ideia de mandar meu filho para escola antes dos 3 anos, justamente por acreditar que ele deve brincar, descansar, passear e não ser submetido a uma agenda de compromissos que as escolinhas impõem.
    Sua matéria foi a mais esclarecedora sobre o assunto que eu já li e, seu já estava preocupada, agora estou preocupadíssima.
    Fico feliz que anida exista profesora como a sua leitora Maria Regina Potenza.

  • Valéria

    Sou mãe de uma menina de 2 anos e 10 meses, que frequenta a escolinha/creche desde os 7 meses, porque tanto eu quanto meu marido trabalhamos o dia todo. Estou também cursando pedagogia, pois me fascina o assunto educação infantil.
    Ainda não tenho nenhuma conclusão sobre o fato de diminuírem a idade de ingresso no ensino fundamental, mas tenho pensado muito e me surgiu uma dúvida, como ainda não tenho experiência como professora gostaria de opinião de vocês.
    Meu questionamento é o seguinte: se o problema está realmente na idade das crianças para ingressar no ensino fundamental ou no despreparo das escolas para receber crianças nos primeiros anos do ensino fundamental?
    A meu ver mesmo para as crianças com sete, oito ou nove anos (talvez até mais) a escola é muito cinza, sem divertimento, sem algo que realmente as motive e desperte a curiosidade pelo aprendizado.
    E penso também na questão do desenvolvimento de cada criança, apesar de existirem muitas teorias sobre os caminhos do desenvolvimento e do aprendizado, é certo que cada criança tem o seu próprio ritmo e o seu tempo, assim, uma criança pode estar preparada para a escola aos 5 anos e uma criança com 8 anos pode ainda não estar pronta para a (seriedade) que a escola oferece.
    Assim, continuo na dúvida o problema na nossa educação é a idade das crianças ou o despreparo das escolas?

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Valéria, muito obrigada pelo seu comentário. Não sei se acompanha a página do facebook do Ouvindo Crianças, mas sugeri que os leitores respondessem por lá. Você viu? O link: http://migre.me/jinuU