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Razões para SER MÃE…

11 maio, 2013, Paula Saretta Momento Psicóloga 8


Razões para SER MÃE…

POR Paula Saretta* 

Escrito por várias mãos e mães [1]

Mães não são todas iguais, pelo simples fato de que as pessoas não são nada iguais, nem pelas suas vivências, nem pelo modo como enxergam o mundo, nem pelas suas escolhas, etc.. Somos absolutamente singulares. Mas, a experiência de ser mãe, numa determinada realidade sócio-econômica, num determinado país, numa mesma época histórica-cultural, tem, sim, muitas e muitas semelhanças.

Época em que ter filhos tornou-se, para muitos, uma escolha consciente e planejada, não algo tão “natural” e óbvio, como se supunha há tão pouco tempo… É comum nos dias de hoje, perguntarmos: “você pretende ser mãe?” e, assim, ouvirmos, de algumas mulheres mil e um argumentos convincentes do porquê de não quererem ter filhos. Razões pelas quais, você, que sempre quis e desejou a maternidade, é capaz de não só concordar completamente ao olhar para aquela pessoa segura e bem resolvida ali na sua frente, como, até mesmo, listar com ela mais um monte de outras razões para não tê-los… Não é?

Tem até quem brinque: “se pensar muito, ninguém tem!”. Michelle, mãe do Gabriel (4) e da Manuela (2), concorda e diz: “Ser mãe é ser mulher maravilha sem saber que é! (…) Quando você engravida, ninguém te conta que acontecerão coisas que não parecem situações que são descritas somente nos contos de fadas, como sentir o cheirinho gostoso do bebê, o empolgante planejamento do quartinho e a compra do enxoval, a bela visão do bebê dormindo sereno, feito anjinho, o primeiro passinho, a primeira palavra dita (…).Outra coisa que ninguém te conta (acho até que pais experientes não abrem essas informações aos futuros pais para não os desanimarem no novo caminho): ter um bebê não é sinônimo de vivenciarmos momentos lindos somente, pois sofremos com a ansiedade dos acontecimentos na gravidez e depois quando o bebê nasce, com os caminhos tortuosos que nossos filhos nos levam a seguir, de sentir falta do banho demorado que tínhamos antes do bebê nascer, da unha feita e do cabelo bem escovado que faziam parte do nosso dia a dia, das baladas noturnas e do clima eterno de lua-de-mel que tínhamos com nossos maridos – e que quase não temos mais… E dos vários cocôs que temos que trocar ou das roupas regurgitadas de leite que temos que lavar. (…) Descobrimos que amamentar não é uma tarefa fácil e não se restringe a colocar o bebê perto do peito para ele começar a sugar, descobrimos que seu casamento pode sofrer alguns abalos, que as crises de cólicas sempre são intermináveis, que o pediatra que você escolheu não estará disponível 24h/dia, 7dias/semana e 365 dias/ano para te socorrer e que, infelizmente (que depois, analisando melhor vira felizmente), as avós dos filhos não sabem tudo o quanto você gostaria e não poderão te ajudar em tudo o que você precisa e quer”.

Paramos um pouco por aqui…

Por que ser mãe, então? Desejo de continuidade, desejo de ter a experiência de ensinar, compartilhar e, principalmente, de sentir o amor mais verdadeiro e profundo que um ser humano pode sentir, só pra começar, já parece uma forte razão para ter filhos, não? Mesmo que isso custe suas horas de sono, mesmo que isso assuste profundamente. Mesmo que tantas e tantas vezes, quem precise de colo é você! Como  nos fala Marina, mãe de Francisco (1): “Quando fiquei grávida pensei de cara: – Como vou conseguir ser mãe sem minha mãe? Foi inevitável pensar que não seria fácil, ser mãe sem mãe acho que torna a incrível epopéia da maternidade um pouco mais nebulosa… Desde a gravidez até hoje fico pensando como seria bem mais simples ter a minha mãe perto de mim. Até porque em alguns momentos é a gente que precisa de colo!”

Renascimento. Reinvenção. Alegria. Raiva. Muito mais alegria do que raiva. Ambiguidade de sentimentos. Confusão. Paradoxo. Exposição. Medo. Coragem. Coragem, muita.

Tânia, mãe de Eduardo (37), Fernando (34) e Marcelo (32), diz: “ser mãe é ter o coração fora do peito!” e Carolina, mãe de Manuela (6) e Vinícius (6), resume também sentimentos tão intensos: “Ser mãe é… Renascer, mas agora com o coração fora do corpo. Pra mim, essa é a mais simples e verdadeira definição”.

Sidnéia, mãe de Ana Luiza (10) e Laura (5) explica: “a maternidade acolhe em si vários sentimentos, às vezes até contraditórios entre si, por que não? Mas esse amor genuíno que se torna uma fonte inesgotável de proteção, de capacidade de ler olhares, ouvir nas entrelinhas, direcionar, aconselhar e, o mais importante, preparar para a vida… Para os momentos difíceis de frustrações que, com os valores passados nos exemplos do dia a dia de respeito ao outro, honestidade, lealdade, valor ao que se tem, etc., serão, com certeza, superados e, com isso, os filhos vão recolhendo elementos necessários para chegar ao objetivo principal: serem felizes!”

Sandra, mãe de Gustavo (6) e Laura (4) completa o coro: “Ser mãe é ter a oportunidade de sentir o amor pleno e imensurável, é ser o espelho de seres tão indefesos, é cuidar, é doar-se completamente, é sentir o coração apertado a cada fase que se passa, pois sabe que ficarão cada vez menos dependentes de você e ao mesmo tempo sentir orgulho e torcer por cada conquista… É amar, aprender, crescer, desapegar tudo ao mesmo tempo, é se tornar plena… foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, ou melhor, é a melhor coisa que ACONTECE na minha vida! AMO ser mãe!”

Luciana, mãe de Giulia (5), nos encanta com poesia…“Ser mãe é antítese, sinônimo, adjetivo. Eu e ela. Eu nela. Ela em mim. Eu comigo. E ela só minha. É ter uma força sem fim, até que ela, tranquila, durma. E depois do sono, desmoronar. Mas com hora marcada para remontar. Só até ela acordar. Vai aprender, vai crescer, vai mudar. E eu, eu sempre mãe. E ela, ela sempre minha”.

Para sentir um prazer imensurável. Para crescer como pessoa. Para amadurecer. Para ter um belo motivo para se tornar uma pessoa melhor, todos os dias. Para entender (definitivamente) que não existe perfeição. Para olhar o mundo com olhos de primeira vez, de novo e de novo… Para descobrir sua capacidade de amar, quando você achava que já conhecia.

Não é Marina? “Antes do Francisco nascer achei que sabia o tamanho do maior amor que se poderia sentir nesta vida. Mas eu não sabia…. Nos primeiros dias em casa, um dia, no banho, pensei que a Natureza era tão sábia porque não deixava você conhecer o MAIOR amor antes de ter um filho, porque se ela deixasse você saber…. Muita gente teria medo do tamanho dele…. MEDO porque dá medo de perder…”

Adriana, mãe de Gabriel, já com 9 anos, completa, rimando…“Falar que ser mãe, é a maior felicidade do mundo, o maior amor do mundo, a maior realização do mundo, é tão verdade, mas é tão clichê, que vai parecer propaganda de loja de móveis para TV”. E continua, com olhos de mãe mais experiente: “Então para falar o que é ser mãe, eu tenho que falar o que é ser mãe do Gabriel. Gabriel, como quase toda criança da atualidade, já nasceu sabendo o que queria da vida. Dito isso, ser mãe do Gabriel, foi bem trabalhoso no começo – apesar da maior felicidade do mundo, do maior amor do mundo, da maior realização do mundo. Mas, um “trabalhoso” que me ensinou tanto! Me ensinou, principalmente, o que é ser mãe! Hoje, após nove anos, eu posso afirmar, que a tarefa mais fácil na minha vida é ser mãe. Tudo graças ao Gabriel. Ele me ensinou que ser mãe é amar, mas às vezes ter raiva, e deixar a raiva passar, e voltar a amar mais ainda. Ele me ensinou que a paciência vai, mas volta. Ele me ensinou a pedir desculpas. Ele me ensinou a enxergar o mundo de várias formas, cores e ângulos. E, principalmente, ele me ensina todos os dias que ninguém, nem, as mães, são perfeitas. E com toda a imperfeição, e com todo o amor, o companheirismo, a compreensão eu vou aprendendo a ser mãe, mãe do Gabriel, uma criança que também não é perfeita, mas, que me realiza, me dá amor, me faz a pessoa mais feliz do mundo!”

Mais experiente que Adriana, Maria, mãe do adolescente Gabriel (15) e dos enteados Amanda e Fagner (28 e 33), também acha! Para ela, “ser mãe é amar os filhos com um amor intenso e sublime; é educá-los como quem faz a coisa mais importante do mundo; é continuar amando-os mesmo quando eles, adolescentes, parecem não nos amar mais… Ser mãe é uma das melhores coisas dessa vida!”

Quem completa, com ares de saudades e de orgulho, é minha mãe, Dina, também mãe da Roberta (35) e do Flávio (32): “ser mãe, para mim, neste momento da vida é saber tornar-se desnecessária. Vocês, meus três filhos são, agora, adultos e fazem suas próprias escolhas, seguem seus caminhos… Às vezes tenho vontade de falar com vocês todos os dias, palpitar mais…. Respiro fundo, espero que entrem em contato comigo e quando conversamos é maravilhoso. Vocês, hoje, são bem melhores que eu”.

Para aprender a respeitar seus pais, a aceitá-los em suas limitações e potencialidades. Para deixar de ser filho…Para aprender a respeitar as diferenças. Para deixar de ser o centro da própria vida e, ainda assim, cuidar de você, antes de mais nada, para que consiga cuidar (bem) do outro.

Douglas, no lugar de filho e futuro pai, diz: “jamais saberei absolutamente o que é ser mãe. Talvez como pai possa sentir uma parte deste amor incondicional, da sensação de querer dar o melhor para outro ser mesmo que falte para você. A vontade de querer sempre o melhor e deixar de pensar singular para pensar sempre em Nós. Sinto o amor incondicional de minha mãe por mim e tudo o que ela sempre fez para me dar a melhor formação, inclusive com os “nãos” que hoje vejo como uma prova de amor. Ser mãe é saber dar o melhor de si para outra pessoa, é saber falar não na hora certa também. Educar, preparar, cuidar e amar, principalmente amar!”

Laura, mãe da Sofia (3) e Zara (1) expressa seu sentimento com letra de música: “Sou eu que vou seguir você… Do primeiro rabisco até o bê-a-bá” e diz que se emociona ao pensar nas filhas cada vez que ouve essa música.

Francis, mãe de Gabriel (7) e da Sara Helena (3), afirma: “(…) acredito que temos uma forte tendência em repetir com nossos filhos o que recebemos de nossa mãe, seja bom ou ruim. Quando é ruim só o perdão para nós libertar de sentimentos tão dolorosos que a figura materna deixa em nossos corações e em nossas lembranças. Juntamente com o perdão a luta para ser diferente e buscar outros referenciais para nos espelhar. (…) Aprendi há pouco tempo que o “amor torna o outro sagrado”, ser mãe é tornar meus filhos sagrados!”

Para receber amor e carinho sem fim… Para ter alguém que confie em você completamente e ache você a pessoa mais incrível do mundo.

Michelle completa: “mas ao mesmo tempo, quem não passa por tudo isso, não consegue criar o filho a sua maneira (por isso o felizmente quando falei dos avós) e enxergar o valor do verdadeiro amor no sorriso que ganhamos deles toda manhã. E que quando um filho diz “mamãe eu te amo até a lua!” ou “você é bonita igual uma princesa!” é porque ele te ama mesmo e que este amor vai até a lua, e que ele te considera a pessoa mais bonita do mundo, mesmo descabelada e sem maquiagem nenhuma! E que não conseguiremos viver nenhum dia sem estas criaturas excepcionalmente arteiras e lindas!”

Amor estruturante. Amor fundamental. Amor necessário. Amor. Amor. Amor.

Carolina, explica a importância de dedicar e receber tanto amor dos filhos: “O filho precisa SABER E SENTIR, que existem pessoas que incessantemente, infinitamente, indescritivelmente, são loucos por ele. Essa é, pra mim, a maior missão dos pais e é nisso que balizo a minha relação com os meus pequenos. O resto é singular”.

É, sim. Amor que estrutura, que protege. Fiquemos com a fala da Marina. Marina filha, agora mãe, sempre filha. Sempre mãe.

“A partir do momento que eu tive noção da dimensão deste amor eu tive muita força, mas muita mesmo para que cada dia eu pudesse deixar esse amor sempre maior e mais forte! Como se eu fosse duas, como se a energia da minha mãe de alguma maneira sempre estivesse aqui comigo, me empurrando e dizendo no meu ouvido como eu tenho que fazer… Sei que o maior conselho que ela me daria seria: – Marina, dá AMOR, muito AMOR”.


[1] Em ordem de aparecimento: Michele é psicóloga organizacional. Marina é produtora e consultora de moda. Tânia é artista plástica. Carolina é psicóloga escolar e professora. Sidnéia é psicóloga clínica e neuropsicóloga. Sandra – não se identificou pelo site. Luciana é advogada. Adriana é psicóloga e pedagoga. Maria é professora de Língua Portuguesa. Dina é pedagoga de formação e avó do Felipe. Douglas é psiquiatra, casado com Karina, também psiquiatra. Laura é economista. Francis é uma mãe empreendedora.

* Paula Saretta é psicóloga. Doutora em Educação pela Unicamp. Mestre em Psicologia Escolar pela PUC-Campinas. Aperfeiçoada em Queixa Escolar pela USP. Formadora de professores e Consultora em Psicologia e Educação. Fundadora do site/blog Ouvindo Crianças.

  • Maria Alice

    Gostei muito, é a construção de um “Manual” e como ser mãe verdadeiramente!

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Obrigada, querida Maria Alice! bj grande

  • Karina Calderoni

    Ficou lindo o texto, Paula! Eu já desconfiava, a principal razão para ser mãe é o Amor, conforme todos escreveram. Até meu marido escreveu sobre o amor! Feliz dia das mães!!!

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Verdade Ká! Vc viu o Douglas? Ficou demais com o depoimento dele, eu adorei quando ele escreveu!!! bjs querida

  • Michelle Rozado

    Lindo Paula! Como todos os outros textos.
    Bjsss

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Mi, obrigada minha querida! Graças aos depoimentos de vocês, né?! bjs

  • Camila S Soubhia Scannavino

    Ótimo texto Paula!!!! Descreve perfeitamente o que é ser mãe!! Parabéns!! Abraço!! Camila

    • http://ouvindocriancas.com.br Paula Saretta

      Obrigada querida! bjs